segunda-feira, 2 de maio de 2011

A Vicente do Rego Monteiro (João Cabral de Melo Neto - 1920-1999)

Eu vi teus bichos
mansos e domésticos:
um motociclo
gato e cachorro.
Estudei contigo
um planador,
volante máquina,
incerta e frágil.
Bebi da aguardente
que fabricaste,
servida às vezes
numa leiteira.
Mas sobretudo
senti o susto
de tuas surpresas.
E é por isso
que quando a mim
alguém pergunta
tua profissão
não digo nunca
que és pintor
ou professsor
(palavras pobres
que nada dizem
de tais surpresas);
respondo sempre:
- É inventor,
trabalha ao ar livre
de régua em punho,
janela aberta
sobre a manhã.

6 comentários:

  1. poesia é sempre o pouco que transcende,


    abraço

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  2. Maíra,

    a profundidade está no olhar dos que sentem poesia no que brota naturalmente. teu espaço é maravilhoso. tuas palavras carregam o peso de uma pluma.

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  3. digo tuas palavras, já que é tua a seleção, é teu o olhar.

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  4. Assis Freitas,

    obrigada pela visita (e pelas palavras). Volte sempre!

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  5. Ribeiro Pedreira,

    Seja bem vindo aqui. Sabe que não tinha pensado que as palavras/poemas aqui postados(as) também carregam um pouco de mim? Concordo contigo: quem seleciona, escolhe e traz o seu olhar... Volte sempre também!

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  6. Oi, Deia! Obrigada por seguir meu blog. Também vou olhar o seu...

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