terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Realização da vida (Cecília Meireles - 1901-1964)

Não me peças que cante,
pois ando longe,
pois ando agora muito esquecida.

Vou mirando no bosque
o arroio claro
e a provisória
flor escondida.

E procuro minha alma
e o corpo, mesmo,
e a voz outrora
em mim sentida.

E me vejo somente
pequena sombra
sem tempo e nome,
nisto perdida,

- nisto que se buscara
pelas estrelas,
com febre e lágrimas,
e que era a vida.

2 comentários:

  1. Lindo blog. A escolha das poesias reflete a sensibilidade e a doçura da autora e concede um momento de paz a cada dia.

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