terça-feira, 15 de março de 2011

2º motivo da rosa (Cecília Meireles - 1901-1964)

A Mário de Andrade

Por mais que te celebre, não me escutas,
embora em forma e nácar te assemelhes
à concha soante, à musical orelha
que grava o mar nas íntimas volutas.

Deponho-te em cristal, defronte a espelhos,
sem eco de cisternas ou de grutas...
Ausências e cegueiras absolutas
ofereces às vespas e às abelhas.

E a quem te adora, ó surda e silenciosa,
e cega e bela e interminável rosa,
que em tempo e aroma e verso te transmutas!

Sem terra nem estrelas brilhas, presa
a meu sonho, insensível à beleza
que és e não sabes, porque não me escutas...

2 comentários:

  1. desisto, quase, de comentar suas inserções.
    Vejamos desta vez.
    Valerá agora a tentativa? Por Cecília?

    ResponderExcluir