terça-feira, 29 de março de 2011

Não ser é talvez ser sem que tu sejas (Pablo Neruda - 1904-1973)


Não ser é talvez ser sem que tu sejas,
sem que vás atravessando o meio-dia
como uma flor azul, sem que caminhes
mais tarde pela névoa e pelos ladrilhos,

sem essa luz que transportas na mão
que outros não verão talvez dourada,
que talvez ninguém saiba que crescia
como a origem vermelha da rosa,

sem que sejas, enfim, sem que viesses
brusca, estimulante, a conhecer a minha vida,
rajada de roseira, trigo do vento,

e desde então eu sou porque tu és,
e desde então tu és, eu sou, nós somos
e por amor serei, serás, seremos.

Um comentário:

  1. Olá Maíra (inteligente, em Havaiano),
    “... a realidade não é apenas o olho que vê e não somente o ouvido que escuta e o que a mão pode tocar, mas também o que se esconde do olho e do toque dos dedos e se revela às vezes, só por um momento, pra quem procura com os olhos do espírito e quem sabe ficar atento e ouvir com os ouvidos da alma e tocar com os dedos do pensamento”. (Amós Oz - De repente, nas profundezas do bosque)
    Abç

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