terça-feira, 19 de abril de 2011

Ir (Jorge Wanderley - 1938-1999)

Já quase me convocam e retorno
sem saber bem do que me trouxe aqui.
Não aprendi as árvores que vejo
e nem às que imagino me resigno.

Talvez o sofrimento esteja nisso,
nessas distâncias entre o verde e o sonho.
Do que disponho, o compromisso foge,
foge a linguagem, vai negada a rosa.

Vou sem ter dito, vou sem ter ouvido
e nada em minha nave me compensa.
Fui nesta fala ardente e silencioso,

no entendimento fui ânsia e fracasso:
ah, quem tanto pudesse que fartasse
de voz e de palavra essa partida.

2 comentários:

  1. Um ir que não se deseja mas que vem...:(


    Escusado será dizer que não conheço...lol Um dia destes um será:)

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  2. Ainda vamos ter agradáveis surpresas por aqui: até para mim mesma. Mas também terá poemas conhecidos seus...

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