sexta-feira, 6 de maio de 2011

Nunca terei, não tenho nunca (Pablo Neruda - 1904-1973)

Nunca terei, não tenho nunca. Na areia
a vitória deixou seus pés perdidos.
Sou um pobre homem disposto a amar seus semelhantes.
Não sei quem és. Amo-te. Não dou, não vendo espinhos.

Alguém saberá talvez que não teci coroas
sangrentas, que combati a burla
e que em verdade enchi a preia-mar da minha alma.
Paguei a vileza com pombas.

Eu nunca tenho porque diferente
fui, sou, serei. E em nome
do meu amor mutuamente proclamo a pureza.

A morte é só pedra do esquecimento.
Amo-te, beijo na tua boca a alegria.
Tragamos lenha. Acenderemos uma fogueira na montanha.

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