quinta-feira, 19 de maio de 2011

Pequeno retrato (José Paulo Paes - 1926-1998)

Nunca vislumbrei
No momento exíguo,
No dia contigo,
O dia contíguo.

Sempre desprezei
A estrela sinistra,
O falso zodíaco,
A esfera de cristal
E o terceiro aviso
Do galo matinal.

Como submeter
O desejo ao fado,
Se todo prazer
Ri da cautela,
Ri do cuidado,
Que o quer prender?

Vou despreocupado,
Dora, tão despreocupado,
Que nem sei morrer.

2 comentários:

  1. WOW!

    Também não sei morrer. Nem quero aprender...

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  2. Prefiro a despreocupação de quem vive o agora. Já me basta...

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