terça-feira, 31 de maio de 2011

Senectude precoce (Augusto dos Anjos - 1884-1914)

Envelheci. A cal da sepultura
Caiu por sobre a minha mocidade...
E eu que ainda julgava em minha idealidade
Ver inda toda a geração futura!

Eu que julgava! Pois não é verdade?!
Hoje estou velho. Olha essa neve pura!
- Foi saudade? foi dor? - foi tanta agrura
Que eu nem sei se foi dor ou foi saudade!

Sei que durante toda a travessia
Da minha infância trágica, vivia,
Assim como uma casa abandonada

Vinte e quatro anos em vinte e quatro horas...
Sei que na infância nunca tive auroras,
E afora disto, eu já nem sei mais nada!

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