sábado, 18 de junho de 2011

Oração a Nossa Senhora da Boa Morte (Manuel Bandeira - 1886-1968)

Fiz tantos versos a Teresinha...
Versos tão tristes, nunca se viu!
Pedi-lhe coisas. O que eu pedia
Era tão pouco! Não era glória...
Nem eram amores... Nem foi dinheiro...
Pedi apenas mais alegria:
Santa Teresa nunca me ouviu!

Para outras santas voltei os olhos.
Porém as santas são impassíveis
Como as mulheres que me enganaram.
Desenganei-me das outras santas
(Pedi a muitas, rezei a tantas)
Até que um dia me apresentaram
A Santa Rita dos Impossíveis.

Fui despachado de mãos vazias!
Dei volta ao mundo, tentei a sorte.
Nem alegrias mais peço agora,
Que eu sei o avesso das alegrias.
Tudo que viesse, viria tarde!
O que na vida procurei sempre,
- Meus impossíveis de Santa Rita, -
Dar-me-eis um dia, não é verdade?
Nossa Senhora da Boa Morte.

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