quarta-feira, 20 de julho de 2011

barco da vida (Geraldo Carneiro - 1952)


cada dia que gasto é um espetáculo,
o espírito e a carne se conciliam
para fazer da minha vida um gesto
cujo sentido desconheço, mas pressinto.
alguma voz me acende o pensamento
e voo convertido em palavra-vida:
todos os mares hoje me pertencem:
sou eu na vastidão dos meus naufrágios.
a vida se projeta como um arco
cujos extremos são o sul e a morte.
não temo a finitude e o infinito:
tudo na vida é morte, vida-morte,
no fim fica o segredo do princípio.
sei que tenho o horizonte por limite
mas nessa vida-barco em que navego
alguma sempre-coisa principia.

Um comentário:

  1. A vida, esse oceano, esse mar de dúvida e dádiva....
    vida, essa incerteza que é nossa unica certeza...

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