domingo, 31 de julho de 2011

Busco um sinal teu em todas as outras (Pablo Neruda - 1904-1973)

Busco um sinal teu em todas as outras,
no brusco, ondulante rio das mulheres,
tranças, olhos meio submersos,
pés claros que resvalam navegando na espuma.

De repente parece-me que te distingo as unhas
compridas, fugitivas, sobrinhas duma cerejeira,
e é o teu cabelo que passa outra vez e parece-me
ver arder na água o teu retrato de fogueira.

Olhei, mas nenhuma tinha a tua pulsação,
a tua luz, a argila escura que trouxeste do bosque,
nenhuma tinha as tuas minúsculas orelhas.

Tu és total e breve, única entre todas,
e assim contigo vou percorrendo e amando
um vasto Mississípi de estuário feminino.

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