quinta-feira, 14 de julho de 2011

Limbo (Ivan Junqueira - 1934)

Ali está. Alheio às minhas mãos,
informe e pequenino, tão
indeciso, iluminado apenas
de sua pouca e solitária luz.
Dorme na sombra que o circunda,
como no fundo de um casulo. Ignora
ainda o que o povoa, sequer
sabe que existe. Ali perdura
à espera do ritmo, da música.
Estrelas, insígnias, leves partituras.
(Que ouvidos as escutam?)
Está ali. Imóvel e silencioso,
a um passo da síncope e do gozo.
Ali está. Heráldico emblema
- o signo incógnito do poema.

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