segunda-feira, 18 de julho de 2011

Lubricidade (Cruz e Sousa - 1861-1898)

Quisera ser a serpe venenosa
que dá-te medo e dá-te pesadelos
para envolver-me, ó flor maravilhosa,
nos flavos turbilhões dos teus cabelos.

Quisera ser a serpe veludosa
para, enroscada em múltiplos novelos,
saltar-te aos seios de fluidez cheirosa
e babujá-los e depois mordê-los...

Talvez que o sangue impuro e flamejante
do teu lânguido corpo de bacante,
de langue ondulação de águas do Reno,

estranhamente se purificasse...
Pois que um veneno de áspide vorace
deve ser morto com igual veneno.

2 comentários: