sábado, 9 de julho de 2011

Pecadora (Eduardo Coimbra - 1864-1884)

Conheci-a feliz. Na fina transparência
do seu rosto gentil dum tom aveludado,
havia a nota ideal dum sonho imaculado,
e o perfume sutil da cândida inocência.

Restava-lhe inda a mãe. Que límpida existência,
no pequeno casebre antigo e sossegado!
Como o tempo corria alegre e perfumado!
Que esplêndido viver de luminosa essência!

Há dias encontrei-a. Ao vê-la, estremeci;
não era a mesma já, que em tempo conheci
de modesto roupão e olhar que alucinava.

Mas notei o cetim lustroso do vestido
tinha manchas sutis - vestígio dolorido
das lágrimas sem fim que a tristeza derramava.

Nenhum comentário:

Postar um comentário