quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Ana Luísa (Murilo Mendes - 1901-1975)

Ana Luísa
Tuberculosa incomparável
Tens um farrapo de vida
Mas um corpo forte sensual
Uma cabeça vitoriosa
Plantada num tronco largo.

Está sendo lentamente devorada
Por seres microscópicos
Ana Luísa.

No sanatório usava lentes escuras
Para esconder teus célebres olhos azul-cinza
E tinhas medo do definitivo e monumental:
Estendida continuamente na espreguiçadeira,
Da força das montanhas te ocultavas.
De nada te valeu minha ternura,
De nada tua beleza te valeu.

Talvez te tornes para sempre invisível
Agora que eu te arranquei da penumbra dos tempos
Ana Luísa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário