segunda-feira, 29 de agosto de 2011

sobre a natureza (Geraldo Carneiro - 1952)

nunca soube me tornar civilizado,
faço no máximo as simulações.
sou selvagem na selva do meu peito
a chama que se chama coração:
me parto e me arremesso contra o céu
contrário a qualquer força que me oprima.
sou meu sistema-sol e girassol.
só não me basto em matéria de amor
a esfera-céu que sempre me pretendo.
meu desconcerto é parte de meu ser.
renuncio à arte de apartar da vida
tudo que não lhe pertença.
não sei quem diz por mim a minha fala
mas sua voz é semelhante à minha
e às vezes nela até me reconheço
como a lua girando no seu curso

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