quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Só a morte (Medeiros e Albuquerque - 1867-1934)

"Se me desdenhas, sinto que faleço,
de nada mais pode servir-me a vida;
de ti e só de ti me vem, querida,
todo o alento vital de que careço.

Só a morte é possível, se perdida
eu vir tua afeição. Nenhum apreço
darei a tudo mais, se o que mereço
é teu desprezo, em paga à minha lida."

Ela não respondeu... Por fim, notando
que contra a sorte é inútil que se teime,
resolvi não morrer. E tão tranquilos

foram os meus dias, que eu me rio quando
penso no que ontem vi: ontem pesei-me
e achei, num mês, que eu engordei três quilos!

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