segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Laura (Guilherme de Santa Rita - 1859-1905)

Que estranho rir no lábio nacarado!
Que pérolas de luz no olhar lascivo!
Ressoa um beijo no teu colo altivo
por ti vendido bem e bem comprado!

E idealizei-te um ser imaculado!
O pedaço do céu, azul, estivo,
onde eu outrora quis estar cativo,
neste sonho de vida, atribulado!

Mas por que foi que assim no devaneio
banhei a fantasia adormecida,
se eu sei que vendes, a quem compra, um seio?

Talvez... lembrei-me, que uma vez na vida,
quando hauriste da afronta o cálix cheio,
tu choraste uma lágrima sentida!

* Quarto soneto do quarteto intitulado Laura.

2 comentários: