quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Oh que todo o amor propague em mim a sua boca (Pablo Neruda - 1904-1973)

Oh que todo o amor propague em mim a sua boca,
que não sofra um instante mais sem primavera,
à dor eu só vendi as minhas mãos,
agora, bem-amada, deixa-me com teus beijos.

Cobre com teu perfume a luz do mês aberto,
fecha as portas com a tua cabeleira,
e em relação a mim não te esqueças que se acordo e choro
é porque em sonhos sou apenas uma criança perdida

que entre as folhas da noite procura as tuas mãos,
o contacto do trigo que tu me comunicas,
um arroubo cintilante de sombra e de energia.

Oh, bem-amada, e nada mais que sombra
por onde me acompanhes em teus sonhos
e me digas a hora da luz.

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