domingo, 30 de outubro de 2011

Rostos (Jules Supervielle - 1884-1960)

Baralho a contragosto
Como cartas os rostos,
E todos me são caros.
Às vezes algum tomba,
Inútil procurá-lo.
Desaparece a carta.
Nada sei a respeito.
Entretanto era um rosto
Que eu amava, e tão belo.
Baralho as outras cartas.
O inquieto do meu quarto,
Ou seja, o coração,
A arder continua,
Não já por essa carta,
Por outra em seu lugar.
É um novo semblante.
E o baralho, completo,
Mas sempre desfalcado.
Eis tudo quanto sei,
E ninguém sabe mais.

* Poema traduzido por Carlos Drummond de Andrade e constante do livro "Poesia Traduzida", editado pela Cosac Naify

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