quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Aos maus juízes (Botelho de Oliveira - 1636 - 1711)

Que julgas, ó Ministro da Justiça?
Por que fazes das leis arbítrio errado?
Cuidas que dás sentença sem pecado,
sendo que algum respeito mais te atiça,

por obrar os enganos da justiça?
Bem que teu peito vive confiado,
o entendimento tens todo arrastado
por amor, ou por ódio, ou por cobiça.

Se tens amor, julgaste o que te manda;
se tens ódio, no inferno tens o pleito;
se tens cobiça, é bárbara e execranda.

Oh, miséria fatal de todo feito!
Que não basta o direito da demanda,
se o julgador te nega esse direito...

Nenhum comentário:

Postar um comentário