quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O ninho (Alberto de Oliveira - 1859 - 1937)

O musgo mais sedoso, a úsnea mais leve
trouxe de longe o alegre passarinho,
e um dia inteiro ao sol paciente esteve
com o destro bico a arquitetar o ninho.

Da paina os vagos flocos cor de neve
colhe, e por dentro o alfombra com carinho;
e armado, pronto, enfim, suspenso, em breve,
ei-lo balouça à beira do caminho.

E a ave sobre ele as asas multicores
estende, e sonha. Sonha que o áureo pólen
e o néctar suga às mais brilhantes flores;

sonha... Porém de súbito a violento
abalo acorda. Em torno as folhas bolem...
É o vento! E o ninho lhe arrebata o vento.

Um comentário: