terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Oração do rato (Carmen Bernos de Gasztold - 1919)


Sou tão cinzento, meu Deus.
Lembra-se de mim?
Sempre vigiado,
sempre caçado,
vou roendo mediocremente minha vida.
Nunca ninguém me deu nada.
Por que me acusam de ser rato?
Não foi o senhor quem me criou?
Só peço uma coisa: ficar escondido.
Me dê só com que matar a fome
longe das garras
daquele demônio de olhos verdes.
                                                      Amém.

* Poema traduzido por Carlos Drummond de Andrade e constante do livro "Poesia Traduzida", editado pela Cosac Naify

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