sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Retrospecto (Humberto de Campos - 1886 - 1934)

Vinte e seis anos, trinta amores: trinta
vezes a alma de sonhos fatigada,
e, ao fim de tudo, como ao fim de cada
amor, a alma de amor sempre faminta!
 
Ó mocidade que foges! brada
aos  meus ouvidos teu futuro, e pinta
aos meus olhos mortais, com toda a tinta,
os remorsos da vida dissipada!
 
Derramo os olhos por mim mesmo... E, nesta
muda consulta ao coração cansado,
que é que vejo? que sinto?  que me resta?
 
Nada: ao fim do caminho percorrido,
o ódio de trinta vezes ter jurado
e o horror de trinta vezes ter mentido!

2 comentários:

  1. Muito obrigado pela sua visita e conentário deixado no meu blog. Este poema de Humberto de Campos também já por lá figura... E "Porque a poesia purifica a alma" também prometo passar mais vezes por aqui. Juntei o seu espaço poético no meu blogroll. Um excelente fim de semana cheio de sorrisos, flores e ...poesia!

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  2. Eu é que te agradeço, Fernando! Volte sempre, todo dia tem "novidades" por aqui...

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