sexta-feira, 16 de março de 2012

Soneto 234 Confessional (Glauco Mattoso - 1951)

Amar, amei. Não sei se fui amado,
pois declarei amor a quem odiara
e a quem amei jamais mostrei a cara,
de medo de me ver posto de lado.

ainda odeio quem me tem odiado:
devolva agora aquilo que declara.
mas quem amei não volta, e a dor não sara.
não sobra nem a crença no passado.

palavra voa, escrito permanece,
garante o adágio vindo do latim.
escrito é que nem ódio, só envelhece.

se serve de consolo, seja assim:
amor nunca se esquece, é que nem prece. Tomara,
     pois, que alguém reze por mim...

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