quarta-feira, 11 de abril de 2012

O retrato fiel (Gilka Machado - 1893 - 1980)

Não creias nos meus retratos,
nenhum deles me revela,
ai, não me julgues assim!

Minha cara verdadeira
fugiu às penas do corpo,
ficou isenta da vida.

Toda minha faceirice
e minha vaidade toda
estão na sonora face;

naquela que não foi vista
e que paira, levitando,
em meio a um mundo de cegos.

Os meus retratos são vários
e neles não terás nunca
o meu rosto de poesia.

Não olhes os meus retratos,
nem me suponhas em mim.

Um comentário:

  1. Olá, obrigada pela visita, é sempre um prazer conhecer novas pessoas. Sim, concordo, o chá é uma delícia.

    Gostei demais do poema do dia 8, domingo. Lindo!

    Abraços e parabéns pelo blog. Poesia hoje é coisa rara.

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