terça-feira, 8 de maio de 2012

Insônia (Adelmo Oliveira - 1934)

Avança madrugada vizinha
O sono não é o teu vigia
- O sono não chegou às pupilas

A chuva é uma vassoura fina
Varrendo por cima dos telhados.

Avança madrugada sozinha
O frio corta a pele matutina
- Gritam sapos que saltam tablados
Lá nas baixadas do Rio Sapato.

A chuva é uma vassoura fina
Varrendo por cima dos telhados.

O vento de açoite está uivando
Uiva nas esquinas
madrugadas
Com medo de lembranças que batem
- Cantigas antigas de ninar.

A chuva é uma vassoura fina
Varrendo por cima dos telhados.

Avança madrugada vizinha
- Cigarro
Joguei pelas cortinas
Das sombras da memória que vinha
Levando pedaços desta vida.

A chuva é uma vassoura fina
Varrendo por cima dos telhados.

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