segunda-feira, 28 de maio de 2012

Medo (Elisa Lucinda - 1958)

Um finíssimo fio esticado sobre um abismo
Onde haveremos de bailar
Enquanto isso fui pegando seus olhos de antigo varão
E espalhando pelo meu corpo
Como se fosse o sol
Como quem acha um não
Os dias se repetem luxuosos
Reverberados no vídeo de nós dois:
Pernas, gosto, dedos e calor.
A turbulência do mundo e dos compromissos
Pensa que não vai deixar a gente se querer direito
Eu rio.
Depois choro por dentro
Como quem precisa de antemão
arranjar um senão
descolar um lugar
no saguão do meu espaço
no palácio do meu coração
Para você ficar, quando precisar ser
só memória, ausência, obsessão.

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