quinta-feira, 7 de junho de 2012

Amor, dirigimo-nos agora para a casa (Pablo Neruda - 1904 - 1973)

Amor, dirigimo-nos agora para a casa
onde a trepadeira sobe pelas escadas:
antes de tu chegares chegou ao teu quarto
o verão nu com pés de madressilva.

Nossos beijos errantes percorreram o mundo:
a Arménia, espessa gota de mel desenterrado,
Ceilão, pomba verde, e o Yang Tsé separando
com antiga paciência os dias e as noites.

E agora, ó bem amada, pelo mar crepitante
como duas aves cegas voltamos ao muro,
ao ninho da distante primavera,

porque o amor não pode voar sem se deter:
ao muro ou às pedras do mar vão nossas vidas,
ao nosso território regressaram os beijos.

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