domingo, 10 de junho de 2012

Outros olhos (Verônica de Aragão - 1965)

Pra que almejar a coisa em si
e chegar ao inusitado,
se todo o fato já foi dito,
se todo o infinito já foi ao menos intuído?

Pra que desperdiçar a miséria
e almejar o absoluto?

Em luto
pelo que todos conhecem.
E todos os sábios percorrem o mesmo caminho.

Não quero mais do que ser previsível:
apenas olhar a humanidade
e usar palavras;
mostrar as coisas da realidade
que todos conhecem
mas que poucos vislumbram
com os humanos olhos de poeta.

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