segunda-feira, 4 de junho de 2012

Passeio (Renato Rezende - 1964)

Demoro-me
no centro da cidade,
no Castelo, no Passeio.
Demoro-me
no Rio de Janeiro
como se fosse outrora
e se dissesse:
Ele demorava-se no Centro,
a esmo.
Demoro-me como quem quer
ser atropelado
sumir num tropeção
esquecer-se de si mesmo.
Demoro-me como se demoram
os mendigos que moram na rua
e que esperam o dia inteiro
para suas casas serem abandonadas.
Demoro-me como um destituído
cuja única felicidade
o clarão de luz na cara.

Um comentário:

  1. Se tornar parte da cidade e esquecer-se, entregar-se a ela. Muito bom o poema, parabéns pela escolha!

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