quinta-feira, 19 de julho de 2012

Para sempre (Carlos Drummond de Andrade - 1902 - 1987)

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Um comentário:

  1. Todo pai faz falta, mas a mãe faz mais ainda! Sinto falta da minha que já se foi, há 12 anos, até hoje!
    Concordo que pai e mãe deveriam ser eternos!

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