domingo, 16 de setembro de 2012

molduras da esperança (Geraldo Carneiro - 1952)


mesmo sem receber prenúncios, urubus
e outros espectros cá nos meus umbrais,
espero que, entre as galas da galáxia,
chegue a mim a armadura de um amor.
por quê? não sei viver assim tão vasto,
privado das molduras da esperança.
sem isso eu Odisseu não saberia
fazer-me ao mar, alçar-me ao firmamento
voar até que o sol me estraçalhasse
por aspirar a alturas sobre-humanas.
por isso eu vos declaro, ó criaturas
que comandais o circo desse cosmo,
mesmo eu, que tantas vezes me insurgi
contra vossas vontades e poderes:
eu ardo de desejo e quero mais

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