quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Acalanto para Cassiana (Mariana Ianelli - 1979)

Não coube na tua infância
tanta solenidade.
Ficou proibida a graça
da caminhada ansiosa
dos olhos apertados sob o sol
do amor espalhado pelos lados
num rebuliço ingênuo.
Alguém acasalou as tuas mãos
no peito desabrochado
quando reuniste contigo
teus pais e todos os filhos
para o legado da tua virgindade.
Talvez céticos
talvez tomados de feitiço
aceitamos te possuir
te fazer crescer em nós,
distribuida com sigilo
defendida, oculta,
uma dura saudade.
Atravessaste o segredo da pedra
que permite o estio, a borrasca
e a flor.
Mas, amiga,
renascemos teu riso
enquanto são anos de sentimento
enquanto ainda
nos surpreendemos com vida.

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