terça-feira, 13 de novembro de 2012

Ao poente (Alphonsus de Guimaraens - 1870 - 1921)

Ficamos sonhando horas inteiras,
com os olhos cheios de visões piedosas:
éramos duas virginais palmeiras,
abrindo ao céu as plamas silenciosas.

As nossas almas, brancas, forasteiras,
no éter sublime alavam-se radiosas.

Ao redor de nós dois, quantas roseiras!

O áureo poente coroava-nos de rosas.

Era um harpejo de harpa todo o espaço:
mirava-a longamente, traço a traço,
no seu fulgor de arcanjo proibido.

Surgia a Lua, além, toda de cera...

Ai como suave então me parecera
a voz do amor que eu nunca tinha ouvido!

Nenhum comentário:

Postar um comentário