quarta-feira, 21 de novembro de 2012

De tanto amor a minha vida tingiu-se de violeta (Pablo Neruda - 1904 - 1973)

De tanto amor a minha vida tingiu-se de violeta
e andei de senda em senda como as aves cegas
até chegar à tua janela, minha amiga:
tu sentiste um rumor de coração partido

e então das trevas subi ao teu peito,
sem ser e sem saber fui à torre do trigo,
surgi para viver nas tuas mãos,
saí do mar para a tua alegria.

Ninguém pode contar o que te devo, é evidente
o que te devo, amor, e é como uma raiz
nascida na Araucânia o que te devo, amada.

É sem dúvida estrelado tudo o que te devo,
e o que te devo é como o poço duma zona silvestre
onde o tempo guardou relâmpagos errantes.

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