quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A chegada (Cyro de Mattos - 1939)

Por aqui desembarcam corações,
Ondas solitárias da humana saga,
Auroras de marujas vastidões,
Despenhos de flama em imota vaga.

Enfim, niveladas as emoções,
O que existe no vórtice dessa onda?
Outros ventos ao largo nas canções
Ou o peso desse ar que a tudo traga?

Para a pesca de peixes despojados
De música, cores e nado solto,
Gaivotas escolheram esse porto.

Sombras falam de gestos afogados.
Se nas vagas de além somos levados,
Quem me ouve nesse grito, nesse pranto?

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