sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Morpho Azul (Cláudia Cordeiro - 1951)

Ontem, amor,
eu assisti a um filme:
o menino perseguia uma borboleta rara,
a Morpho Azul,
e eu me lembrava
que vieram em bandos
ao teu encontro
na floresta;
depois, na metamorfose
de céu azul metálico,
enfeitaram a tua atual morada.
Mas eu queria mesmo
era adivinhar teus passos
e alcançar-te na calçada:
"Quer uma carona, gato?",
eu brincava,
e teu sorriso menino,
teu sorriso maroto,
e minha alegria
dissolviam a bigorna
suspensa do dia
neste céu mais puro,
o de te ver.
Recordar...
esperança rara,
forma azulada,
de bendizer
teus passos...
de reviver,

mas tu não vens.

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