domingo, 2 de dezembro de 2012

Não estejas longe de mim (Pablo Neruda - 1904 - 1973)

Não estejas longe de mim um dia que seja, porque,
porque, não sei dizê-lo, é longo o dia,
e estarei à tua espera como nas estações
quando em algum sítio os comboios adormeceram.

Não te afastes um hora porque então
nessa hora se juntam as gotas da insônia
e talvez o fumo que anda à procura de cassa
venha matar ainda meu coração perdido.

Ai que não se quebra a tua silhueta na areia,
ai que na ausência as tuas pálpebras não voem:
não te vás por um minuto, ó bem-amada,

porque nesse minuto terás ido tão longe
que atravessarei a terra inteira perguntando
se voltarás ou me deixarás morrer.

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