segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Quase um perfeccionista (Felipe Fortuna - 1963)

Ao andar pelas ruas
e palpitar à luz do dia
(como quem não consegue
chegar à própria casa, dizer
seu nome ao guarda, encontrar amigos
na cidade em que nasceu),
ele insiste e continua.

Sua mão de pele esparsa se contrai,
cada veia atinge em cheio
as suas expressões. É forte,
dizem os médicos, a sua
compleição. E a alma é robusta
como um lilás no meio do lago.

Ao viajar, transporta poucas roupas
dobradas com a emoção que insiste.
Ainda quer superar uma doença
cujo nome esqueceu
e um jardim em que não sabe pisar.
Quando passeia, as crianças, as mulheres
também, os pais e maridos reconhecem
que por ali vai uma pessoa comum e virtuosa,
quase um perfeccionista.

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