sábado, 9 de fevereiro de 2013

Pausa (Ana Maria Lopes)

Eu tenho na memória
a curva que seu braço
descreve
ao me envolver no abraço
O roçar da barba malfeita
que irrita meu rosto
e que aflita me faz em risos
antecipando o gozo
ao trançar as pernas
E nossos corpos
qual uma cruz
posta no leito
se desmancham
e se derretem
Sua célula é minha célula
o meu suor mata a sua sede
nossos líquidos nos regam
nossas vozes se calam
Vogais e consoantes
se fazem desnecessárias
E todo o silêncio em volta
volta em forma de beijos

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