segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Prece de poeta (Saulo Ramos - 1929)

De seus gestos escorriam
neblinas que sussurravam
ânsias de riachos vindos
de angústias inexplicadas.
Braços abertos, no chão
a sombra de suas mãos
era névoa esparramada
pela calma de sonhar.

De repente um vôo aquece
o silêncio das angústias.
Ele sopra suas mãos
postas em formas de conchas,
e sua alma se desprende
do sonho e se vai, riscando
de azul a calma da névoa,
e suas mãos jogam sementes
grávidas de flor.

Era um poeta rezando.

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