as asas que não tenho estendo e alcanço
o pássaro sem asas e horizonte
perdido ao chão dos ventos em balanço
achado aos ares das águas das fontes
profano o vôo que me leva manso
ao sopro eterno para além dos montes
onde paira alta a nau onde descanso
e sigo em rios sem beiras, nem pontes
desmesurado o espaço dentro e fora
do tempo, dos espelhos, do marfim
do desejo desperto à qualquer hora
rompo os limites da matéria, assim
e de asas infinitas vou-me embora
com as asas que voam dentro em mim
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