sábado, 4 de maio de 2013

Eu não lastimo o próximo perigo (Alvarenga Peixoto - 1744 - 1793)

Eu não lastimo o próximo perigo,
uma escura prisão, estreita e forte,
lastimo os caros filhos, a consorte,
a perda irreparável de um amigo.

A prisão não lastimo, outra vez digo,
nem o ver iminente o duro corte,
que é ventura também achar a morte
quando a vida só serve de castigo.

Ah, quão depressa então acabar vira
este enredo, este sonho, esta quimera,
que passa por verdade e é mentira!

Se filhos, se consorte não tivera,
e do amigo as virtudes possuíra,
um momento de vida eu não quisera.

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