segunda-feira, 20 de maio de 2013

Transparências (Antonio Cícero - 1945)

venho da praia de um verão em que as ondas rolam redondas e lisas
sobre o mar sem formar espumas
e os olhos gulosos engolem glaucas e mornas transparências
goles de azul e verde
fazendo inveja à língua aos lábios e à goela.

por que me induzes por areias sem águas
ou zonas infestadas de feras
ou paludes sombrios
ou friagens cíticas
ou mares coagulados

por que me queres nessa terra monstruosa e trágica
onde erram poetas e mitógrafos
e nada é certo nada claro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário