segunda-feira, 17 de junho de 2013

Os olhos do meu pai (Lau Siqueira - 1957)

— "Detenham o homem!"
(Alguém tremeu no brilho da faca.)
— "Comunista!" (Disseram.)
— "Canalhas!" (Pensei.)

Eu vi o mundo
refletido nos olhos do meu pai.
Verdes e brilhantes: a cor
do desespero, do destempero, do...
No Presídio Municipal de Jaguarão,
vertiam lágrimas das paredes
e o inverno pendia nas grades.

— "Comunista!"(Gritaram.)
— "Eu não sou comunista!" Disse ele
com os mesmos olhos verdes fixos no vazio.

Eu vi a tristeza brilhando
como um clarão de relâmpago
nos olhos do meu pai.

Eu vi...

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