Do teu corpo nasce um lírio
que se dissolve num lago
onde um cisne de marfim
persegue estrelas e carpas.
Onde o sol molha no frio
das águas o rosto ardente.
Onde os salgueiros mergulham
as pontas na rama verde.
Do lago desponta a noite
com sua face ardósia,
engalanada de círios
e perfumada de morte.
Da noite nasce um relâmpago
Com sete pontas de luz:
sete espadas pra manchar
de sangue o ventre da lua.
Teu corpo é assim: como as ondas
de um mar rouco, em desvario,
de onde me assalta, em sua fúria,
o monstro do Apocalipse.
Cardo de agudos espinhos
ou sensitiva de carne,
teu corpo é um trigal de lanças
e morre ao toque dos lábios.
Gosto muito desse poema, especialmente dessa parte:
ResponderExcluir"Cardo de agudos espinhos
ou sensitiva de carne,
teu corpo é um trigal de lanças
e morre ao toque dos lábios."