A poesia é pouca
para resgatar o desespero.
Pomar de metáforas,
canteiro de músicas,
mistérios e mistificações
maduramente inúteis,
enquanto a vida ali explode:
áspera, acidental, rombuda.
Nesta hora,
há um homem varado com sua agonia:
um homem com seu grito,
um homem com seus ossos,
um homem ferido
com seu suor.
Sim, meu poema é raiva,
raiva de ser só palavras.
Quando poderia ser
músculos ou porradas,
pedra na praça, espingarda,
tiro na cabeça da injustiça.
Meu verso, porém, é dor
Dor de ser somente verso.
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