domingo, 22 de dezembro de 2013

As dunas (Adriano Espínola - 1952)

Avançam,
sorrateiras,
tangidas pela mão simétrica
do vento.

A luz da manhã sobre elas
escorre
como ondas na maré
cheia.
Verdevivos,
os arbustos se agarram
em desespero
à alva memória da areia.

Ali,
as dunas espreitam a cidade
— o bote de areia armado —
à espera do tempo.

Tácitas,
levam nas costas,
esvoaçante,
o presente;
nos peitos, o passado
semovente.

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