sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Satélite (Manuel Bandeira - 1886 - 1968)

Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A lua baça
Paira.

Muito cosmograficamente
Satélite.

Desmetaforizada,
Desmitificada,

Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e enamorados,
Mas tão somente
Satélite.

Ah! Lua deste fim de tarde,
Desmissionária de atribuições românticas;
Sem show para as disponibilidades sentimentais!

Fatigado de mais-valia,
gosto de ti, assim:
Coisa em si,
-Satélite.

Um comentário:

  1. Quão bela é a nossa Lua, nos admirando com seu brilho enamorador...
    Belos versos de Manoel Bandeira.
    Abraço

    ResponderExcluir